sábado, 20 de outubro de 2012

Áreas Verdes são mapeadas em Belém


Cobertura vegetal na UFPA está em torno de 33%,
índice acima da média, segundo pesquisa da FGC

 
 
 
por Marília Jardim / Setembro 2012
foto Acervo do Pesquisador







A chegada do verão amazônico é marcada por dias muito quentes em todo o Estado. Em Belém, o calor poderia ser amenizado, naturalmente, pela cobertura vegetal das árvores da cidade. Porém, algumas áreas da capital paraense não possuem áreas verdes suficientes para regular a temperatura e deixar o ambiente mais agradável.
Projeto “Estudo e Valorização das Áreas Verdes Urbanas na Cidade de Belém-PA”, coordenado pela professora Luziane Mesquita, da Faculdade de Geografia e Cartografia (FCG) do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Federal do Pará (UFPA), pesquisou as áreas verdes e o índice de cobertura vegetal dos distritos da cidade de Belém. O estudo tinha como finalidade a formação de recursos humanos na área de Educação Ambiental, sob a perspectiva geográfica, e elaboração de uma nova cartografia das áreas verdes de Belém a partir de imagens de satélite de grande escala.

A pesquisa foi desenvolvida em  2011, quando foi mapeado os locais e feita a análise dos mapas no Laboratório de Análise da Informação Geográfica (Laig) da FGC. Este trabalho, junto com a análise de imagens de satélite de Belém, feitas em 2006, cedidas pelo Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), permitiu a elaboração do “Atlas de Áreas Verdes de Belém”, documento que contém as imagens e as considerações das áreas mapeadas.

A professora Luziane observa que a crescente perda de áreas verdes de Belém ocorre em função de alguns fenômenos comuns aos grandes centros urbanos, como a expansão horizontal da cidade, o aumento de área construída, a pavimentação de ruas, a verticalização na área central, o aumento na frota de veículos, que leva à poluição do ar e à poluição sonora. “A ausência de áreas verdes na cidade causa desequilíbrio ambiental, como desregulamento da temperatura da cidade e intensificação das ilhas de calor. Além disso, a arborização de vias públicas embeleza a cidade e, em parques, promove a sociabilidade dos moradores ao redor dessas áreas. A arborização também mantém a preservação de espécies nativas da Amazônia”, ressalta.

Baixa cobertura vegetal aumenta calor no Guamá

Durante o trabalho, foram mapeados seis dos oito distritos urbanos da área continental de Belém: o Distrito Administrativo de Belém (Dabel), do Guamá (Dagua), da Sacramenta (Dasac), do Entroncamento (Daent),  do Bengui (Daben) e  de Icoaraci (Daico).

O Dagua, formado pelos bairros Montese (Terra Firme), Condor e parte dos bairros Jurunas, Batista Campos, Cidade Velha, Guamá, Cremação, Canudos, São Brás, Marco e Curió-Utinga, apresenta Índice de Cobertura Vegetal de 4,33% e 1,8 m² por habitante das regiões estudadas. Esse número por habitantes está abaixo da média internacional, que é de 12m² de Índice de Cobertura Vegetal por habitante.

“Se eu chego próximo ou abaixo de 5%, a gente considera um deserto florístico por conta da ausência de áreas verdes. Quem anda pelo Guamá sabe do desconforto e das altas temperaturas, pois o efeito da ilha de calor é muito intenso”, explica a professora Luziane.

O Daent é o maior distrito da área continental da cidade e apresenta o maior Índice de Cobertura Vegetal: 54,28% e 289,82 m² por habitante. A localização de áreas de proteção ambiental, como o Parque Ambiental do Utinga e muitos terrenos militares, impediu o avanço da população sobre essas áreas. “Nesse distrito, quando a gente divide a área de cobertura vegetal por habitante, o número extrapola a média internacional”, afirma a professora. Fazem parte do Daent os bairros Souza, Marambaia, Val-de-Cães, Mangueirão, Castanheira, Águas Lindas, Aurá, Curió-Utinga, Guanabara e Universitário.

A Belle Époque beneficiou o distrito mais antigo de Belém, o Dabel. O planejamento da urbanização dessa área com espécies exóticas, principalmente as mangueiras, e a localização de espaços como o Jardim Botânico da Amazônia e o Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi amenizam a temperatura.

"Caminhadas" promovem a educação ambiental

Atividades de educação ambiental também integram o Projeto.  Os encontros, conhecidos como “Caminhadas Geoecológicas na Cidade Universitária”, reúnem alunos de Ensino Fundamental e Médio de escolas públicas dos bairros Marambaia e Guamá. Também são ministradas oficinas no Bosque Rodrigues Alves. Além de fazer parte do Projeto, as Caminhadas também são uma atividade permanente da FGC. Escolas interessadas em participar devem entrar em contato com a Faculdade.

Trote – A Cidade Universitária José da Silveira Netto também foi alvo de mapeamento específico, que se tornou  tema do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de um dos participantes do projeto. Intitulado Biodiversidade: Sistema de Áreas Verdes na Cidade Universitária, o TCC mapeou o sistema de estacionamento, as ruas e avenidas e o sistema de bosques do Campus e concluiu que o Índice de Cobertura Vegetal é de 32,28%.

“O Índice está acima da média de 30%, ideal para o equilíbrio da temperatura do ambiente. Grande parte do microclima e das condições ambientais adequadas da cidade universitária vem da implantação dos bosques, muitos criados a partir do ‘trote ecológico’, idealizado pelo professor aposentado da UFPA e ambientalista Camilo Vianna, na década de 1990”, lembra Luziane.

A previsão é que o Atlas de Áreas Verdes de Belém seja atualizado a partir de imagens de satélite mais recentes “Assim, poderemos rever o aumento ou a diminuição das áreas verdes de Belém e as consequências ambientais dessas mudanças.”

Fonte: http://www.ufpa.br/beiradorio/novo/index.php/leia-tambem/1381-areas-verdes-sao-mapeadas

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