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Cobertura vegetal na UFPA está em torno de 33%, índice acima da média, segundo pesquisa da FGC
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por Marília Jardim / Setembro 2012
foto Acervo do Pesquisador
A chegada do verão amazônico é marcada por dias muito quentes
em todo o Estado. Em Belém, o calor poderia ser amenizado,
naturalmente, pela cobertura vegetal das árvores da cidade. Porém,
algumas áreas da capital paraense não possuem áreas verdes suficientes
para regular a temperatura e deixar o ambiente mais agradável.
Projeto “Estudo e Valorização das Áreas Verdes Urbanas na Cidade de
Belém-PA”, coordenado pela professora Luziane Mesquita, da Faculdade de
Geografia e Cartografia (FCG) do Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas (IFCH) da Universidade Federal do Pará (UFPA), pesquisou as
áreas verdes e o índice de cobertura vegetal dos distritos da cidade de
Belém. O estudo tinha como finalidade a formação de recursos humanos na
área de Educação Ambiental, sob a perspectiva geográfica, e elaboração
de uma nova cartografia das áreas verdes de Belém a partir de imagens de
satélite de grande escala.
A pesquisa foi desenvolvida em 2011, quando foi mapeado os locais e
feita a análise dos mapas no Laboratório de Análise da Informação
Geográfica (Laig) da FGC. Este trabalho, junto com a análise de imagens
de satélite de Belém, feitas em 2006, cedidas pelo Sistema de Proteção
da Amazônia (Sipam), permitiu a elaboração do “Atlas de Áreas Verdes de
Belém”, documento que contém as imagens e as considerações das áreas
mapeadas.
A professora Luziane observa que a crescente perda de áreas verdes de
Belém ocorre em função de alguns fenômenos comuns aos grandes centros
urbanos, como a expansão horizontal da cidade, o aumento de área
construída, a pavimentação de ruas, a verticalização na área central, o
aumento na frota de veículos, que leva à poluição do ar e à poluição
sonora. “A ausência de áreas verdes na cidade causa desequilíbrio
ambiental, como desregulamento da temperatura da cidade e intensificação
das ilhas de calor. Além disso, a arborização de vias públicas embeleza
a cidade e, em parques, promove a sociabilidade dos moradores ao redor
dessas áreas. A arborização também mantém a preservação de espécies
nativas da Amazônia”, ressalta.
Baixa cobertura vegetal aumenta calor no Guamá
Durante o trabalho, foram mapeados seis dos oito distritos urbanos da
área continental de Belém: o Distrito Administrativo de Belém (Dabel),
do Guamá (Dagua), da Sacramenta (Dasac), do Entroncamento (Daent), do
Bengui (Daben) e de Icoaraci (Daico).
O Dagua, formado pelos bairros Montese (Terra Firme), Condor e parte
dos bairros Jurunas, Batista Campos, Cidade Velha, Guamá, Cremação,
Canudos, São Brás, Marco e Curió-Utinga, apresenta Índice de Cobertura
Vegetal de 4,33% e 1,8 m² por habitante das regiões estudadas. Esse
número por habitantes está abaixo da média internacional, que é de 12m²
de Índice de Cobertura Vegetal por habitante.
“Se eu chego próximo ou abaixo de 5%, a gente considera um deserto
florístico por conta da ausência de áreas verdes. Quem anda pelo Guamá
sabe do desconforto e das altas temperaturas, pois o efeito da ilha de
calor é muito intenso”, explica a professora Luziane.
O Daent é o maior distrito da área continental da cidade e apresenta o
maior Índice de Cobertura Vegetal: 54,28% e 289,82 m² por habitante. A
localização de áreas de proteção ambiental, como o Parque Ambiental do
Utinga e muitos terrenos militares, impediu o avanço da população sobre
essas áreas. “Nesse distrito, quando a gente divide a área de cobertura
vegetal por habitante, o número extrapola a média internacional”, afirma
a professora. Fazem parte do Daent os bairros Souza, Marambaia,
Val-de-Cães, Mangueirão, Castanheira, Águas Lindas, Aurá, Curió-Utinga,
Guanabara e Universitário.
A Belle Époque beneficiou o distrito mais antigo de Belém, o Dabel. O
planejamento da urbanização dessa área com espécies exóticas,
principalmente as mangueiras, e a localização de espaços como o Jardim
Botânico da Amazônia e o Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio
Goeldi amenizam a temperatura.
"Caminhadas" promovem a educação ambiental
Atividades de educação ambiental também integram o Projeto. Os
encontros, conhecidos como “Caminhadas Geoecológicas na Cidade
Universitária”, reúnem alunos de Ensino Fundamental e Médio de escolas
públicas dos bairros Marambaia e Guamá. Também são ministradas oficinas
no Bosque Rodrigues Alves. Além de fazer parte do Projeto, as Caminhadas
também são uma atividade permanente da FGC. Escolas interessadas em
participar devem entrar em contato com a Faculdade.
Trote – A
Cidade Universitária José da Silveira Netto também foi alvo de
mapeamento específico, que se tornou tema do Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC) de um dos participantes do projeto. Intitulado
Biodiversidade: Sistema de Áreas Verdes na Cidade Universitária, o TCC
mapeou o sistema de estacionamento, as ruas e avenidas e o sistema de
bosques do Campus e concluiu que o Índice de Cobertura Vegetal é de
32,28%.
“O Índice está acima da média de 30%, ideal para o equilíbrio da
temperatura do ambiente. Grande parte do microclima e das condições
ambientais adequadas da cidade universitária vem da implantação dos
bosques, muitos criados a partir do ‘trote ecológico’, idealizado pelo
professor aposentado da UFPA e ambientalista Camilo Vianna, na década de
1990”, lembra Luziane.
A previsão é que o Atlas de Áreas Verdes de Belém seja atualizado a
partir de imagens de satélite mais recentes “Assim, poderemos rever o
aumento ou a diminuição das áreas verdes de Belém e as consequências
ambientais dessas mudanças.”
Fonte: http://www.ufpa.br/beiradorio/novo/index.php/leia-tambem/1381-areas-verdes-sao-mapeadas
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