Senado contesta liminar do STF que suspendeu projeto sobre novos partidos
O Senado protocolou nesta quinta-feira à noite recurso junto ao
Supremo Tribunal Federal (STF) na tentativa de retomar a tramitação do
Projeto de Lei 4470/12. O agravo regimental sustenta que a liminar
concedida pelo ministro Gilmar Mendes é uma ingerência nas competências
do Poder Legislativo.
O papel do Legislativo é zelar pela suas
competências. Da mesma forma que nós nunca influenciamos decisões do
Judiciário, nós não aceitamos que o Judiciário influa nas decisões
legislativas, consideramos isso uma invasão, afirmou o presidente do
Senado, Renan Calheiros, logo após reunião com o presidente da Câmara
dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, na tarde desta quinta-feira.
Para
Alves, a provocação ao STF foi equivocada. Ele reforçou o discurso de
Renan, ao dizer que não aceita intromissão de outro poder no Congresso.
Alves disse que o Congresso não interfere na forma de votar dos
ministros do STF e também não pode aceitar qualquer interferência na
forma constitucional e regimental de decisão do Legislativo. Esperamos
que o Supremo possa rever essa posição, fazendo justiça ao papel
constitucional do Congresso, disse o presidente da Câmara. O
PL 4470 foi aprovado na última terça-feira (23) pela Câmara e agora
está sendo analisado pelo Senado. O texto limita o acesso de novos
partidos aos recursos do Fundo Partidário e ao tempo de propaganda
eleitoral no rádio e na televisão.
A decisão de Gilmar Mendes
suspendeu a tramitação do projeto. De acordo com o ministro, houve
extrema velocidade no exame da matéria, aparente casuísmo em prejuízo
das minorias políticas e contradições entre o projeto e normas
constitucionais. A liminar foi provocada por mandado de segurança
impetrado pelo senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).
Após a decisão liminar de Gilmar Mendes, o projeto não poderá tramitar até que o Supremo julgue se ele é constitucional ou não. O
agravo regimental - impetrado pelo Senado - é um recurso judicial que
pede o reexame de uma decisão monocrática (de um único juiz) pela
composição completa da Corte. Renan acrescentou que o agravo será uma
oportunidade de o STF rever a decisão tomada.
Sem crise
Os
presidentes da Câmara e do Senado negaram que haja uma crise entre
Legislativo e Judiciário, mas disseram ser inconcebível uma tentativa de
influência externa no andamento do processo legislativo.
\"Não
concordamos, não aceitamos que interfiram aqui no nosso processo
correto, constitucional e regimental de expressar os nossos votos.
Portanto, vamos entrar com um agravo regimental esperando que o Supremo
possa rever essa posição e fazer justiça ao papel constitucional dessa
Casa\\\", disse Alves após a reunião com Renan.
Fonte: Agência Câmara